O estado da Nação<br>e o pôr-do-sol da globalização...
Já a ninguém escapa que o actual estado da nação é pior do que mau.
A olho nu se vê como os preços galopam, o desemprego dispara e o crédito fácil se vira agora contra quem se endividou e já não pode pagar. De repente, como que por encanto, calaram-se as vozes dos que teciam loas aos «milagres» do sucesso neoliberal e aos «encantos» da sociedade global.
O panorama político português é uma vergonha. O rei vai nu e já poucos se atrevem a falar em «bipolarização». É que os dois parceiros que deviam pisar o palco e governar alternadamente – o PS e o PSD - dão de si mesmos uma imagem imprópria e nada recomendável. Os seus dirigentes quanto mais falam mais se afundam. Ignoram o país real e promovem como objectivos políticos a alcançar os seus próprios interesses pessoais e de classe. As políticas sociais que defendem são raquíticas e morrem à nascença. Não têm objectivos nacionais e não alimentam quaisquer escrúpulos. O povo português há-de recordar-se de tudo isto quando for chamado às urnas.
Mas não é só em Portugal que estas coisas acontecem. Nas retaguardas sociais dos países em desenvolvimento surgem, espontaneamente, os «motins da fome» causados pela incessante subida dos preços dos alimentos necessários à vida. De cada vez que no mercado o preço dos cereais sobe 1%, calcula-se que mais 16 milhões de seres humanos entrem no circuito infernal da fome e da miséria. A isto, o capitalismo responde com mais especulação financeira e com o desvio, para a indústria, de grande parte da produção de cereais. Certas energias alternativas consomem anualmente (como nos EUA) 100 ou mais de 100 milhões de toneladas de cereais. Os grandes senhores negam, negam e erguem à volta dos seus bastiões um muro de mentiras. Porém, de pouco lhes valerá meterem a cabeça na areia. Quando parecem resolver um problema grave, logo abrem portas a outro ainda maior.
Pobreza e doutrina social da Igreja
Segundo dados da imprensa católica a questão da crise mundial dos cereais pode caracterizar-se do seguinte modo. Como o preço do petróleo cresce incontrolavelmente, há que conseguir um combustível alternativo. A resposta encontrada foi a da produção de energia biocombustível a partir da queima de cereais como o arroz ou o milho que continuam a ser a base da alimentação de cerca de 3 biliões de seres humanos os quais consomem anualmente 3 triliões de toneladas do produto. Assim, esta forma de substituição de grande parte do consumo do petróleo pela queima de produtos biocombustíveis fecha as portas a um problema grave para as abrir, de seguida, a outro ainda pior : o da fome. E às intermináveis «guerras do petróleo» juntam-se os «motins da fome» como já aconteceu na África do Sul ou no Haiti. A chama alastrará a todo o mundo e virá a impor-se. Terá de fazer-se uma nova opção nos quadros de um velho problema : escolher entre o que convém aos ricos e o que é direito à vida dos pobres.
Poderia parecer que este problema ético se imporia espontaneamente às religiões e às igrejas, mobilizando para a luta social as suas massas de crentes. Mas nada indica que tal esteja ou venha a acontecer. As religiões históricas, nomeadamente a católica, têm largos investimentos nas bolsas e mercados e é bem certo que a fome de uns é o banquete dos outros. De entre centenas de exemplos semelhantes desta situação contratante, relata-se que ainda há poucos dias o JP Morgan (o gigante financeiro norte-americano que representa esmagadores interesses do Vaticano ) comprou um banco rival (o Bear Stern) pela bonita soma de 1,5 mil milhões de euros!. Isto passa-se num país cuja economia se diz estar à beira de recessão e que gasta biliões nas guerras do petróleo e na gestão das pobrezas mundiais. Com indiferença, os banqueiros reconhecem haver 800 milhões de famintos em todo o mundo.
A técnica anunciada pelos fortes, pelos ricos e pelos piedosos, não é nova mas ainda produz efeitos. É a Caridade enroupada em socialismo cristão e em filantropia.
Bill Gates e outros nababos anunciam o combate à pobreza mas não largam de mão os seus tesouros fabulosos nem deixam de os multiplicar. O Vaticano não se empenha no problema da miséria e, em Portugal, o Patriarcado, com os olhos postos na valorização do seu património e nos grandes negócios do turismo religioso e da importação de idosos dos estados ricos do Norte da Europa, vira as costas aos problemas sociais que possam vir a prejudicar os seus interesses. Alegremente, os mais ricos divulgam a Boa-Nova capitalista: «A vida barata nunca mais regressará!».
Mas nada vergará os pobres. A luta continua, venham os ventos de onde vierem ...
A olho nu se vê como os preços galopam, o desemprego dispara e o crédito fácil se vira agora contra quem se endividou e já não pode pagar. De repente, como que por encanto, calaram-se as vozes dos que teciam loas aos «milagres» do sucesso neoliberal e aos «encantos» da sociedade global.
O panorama político português é uma vergonha. O rei vai nu e já poucos se atrevem a falar em «bipolarização». É que os dois parceiros que deviam pisar o palco e governar alternadamente – o PS e o PSD - dão de si mesmos uma imagem imprópria e nada recomendável. Os seus dirigentes quanto mais falam mais se afundam. Ignoram o país real e promovem como objectivos políticos a alcançar os seus próprios interesses pessoais e de classe. As políticas sociais que defendem são raquíticas e morrem à nascença. Não têm objectivos nacionais e não alimentam quaisquer escrúpulos. O povo português há-de recordar-se de tudo isto quando for chamado às urnas.
Mas não é só em Portugal que estas coisas acontecem. Nas retaguardas sociais dos países em desenvolvimento surgem, espontaneamente, os «motins da fome» causados pela incessante subida dos preços dos alimentos necessários à vida. De cada vez que no mercado o preço dos cereais sobe 1%, calcula-se que mais 16 milhões de seres humanos entrem no circuito infernal da fome e da miséria. A isto, o capitalismo responde com mais especulação financeira e com o desvio, para a indústria, de grande parte da produção de cereais. Certas energias alternativas consomem anualmente (como nos EUA) 100 ou mais de 100 milhões de toneladas de cereais. Os grandes senhores negam, negam e erguem à volta dos seus bastiões um muro de mentiras. Porém, de pouco lhes valerá meterem a cabeça na areia. Quando parecem resolver um problema grave, logo abrem portas a outro ainda maior.
Pobreza e doutrina social da Igreja
Segundo dados da imprensa católica a questão da crise mundial dos cereais pode caracterizar-se do seguinte modo. Como o preço do petróleo cresce incontrolavelmente, há que conseguir um combustível alternativo. A resposta encontrada foi a da produção de energia biocombustível a partir da queima de cereais como o arroz ou o milho que continuam a ser a base da alimentação de cerca de 3 biliões de seres humanos os quais consomem anualmente 3 triliões de toneladas do produto. Assim, esta forma de substituição de grande parte do consumo do petróleo pela queima de produtos biocombustíveis fecha as portas a um problema grave para as abrir, de seguida, a outro ainda pior : o da fome. E às intermináveis «guerras do petróleo» juntam-se os «motins da fome» como já aconteceu na África do Sul ou no Haiti. A chama alastrará a todo o mundo e virá a impor-se. Terá de fazer-se uma nova opção nos quadros de um velho problema : escolher entre o que convém aos ricos e o que é direito à vida dos pobres.
Poderia parecer que este problema ético se imporia espontaneamente às religiões e às igrejas, mobilizando para a luta social as suas massas de crentes. Mas nada indica que tal esteja ou venha a acontecer. As religiões históricas, nomeadamente a católica, têm largos investimentos nas bolsas e mercados e é bem certo que a fome de uns é o banquete dos outros. De entre centenas de exemplos semelhantes desta situação contratante, relata-se que ainda há poucos dias o JP Morgan (o gigante financeiro norte-americano que representa esmagadores interesses do Vaticano ) comprou um banco rival (o Bear Stern) pela bonita soma de 1,5 mil milhões de euros!. Isto passa-se num país cuja economia se diz estar à beira de recessão e que gasta biliões nas guerras do petróleo e na gestão das pobrezas mundiais. Com indiferença, os banqueiros reconhecem haver 800 milhões de famintos em todo o mundo.
A técnica anunciada pelos fortes, pelos ricos e pelos piedosos, não é nova mas ainda produz efeitos. É a Caridade enroupada em socialismo cristão e em filantropia.
Bill Gates e outros nababos anunciam o combate à pobreza mas não largam de mão os seus tesouros fabulosos nem deixam de os multiplicar. O Vaticano não se empenha no problema da miséria e, em Portugal, o Patriarcado, com os olhos postos na valorização do seu património e nos grandes negócios do turismo religioso e da importação de idosos dos estados ricos do Norte da Europa, vira as costas aos problemas sociais que possam vir a prejudicar os seus interesses. Alegremente, os mais ricos divulgam a Boa-Nova capitalista: «A vida barata nunca mais regressará!».
Mas nada vergará os pobres. A luta continua, venham os ventos de onde vierem ...